O Conselho de Segurança da ONU aprovou nesta quarta-feira (09/06) a quarta rodada de sanções ao Irã para tentar conter seu seu programa nuclear.
Reportagem do site do Terra - 09 de junho de 2010 • 12h34 • atualizado às 14h28
O Conselho de Segurança (CS) da ONU aprovou nesta quarta, na sede das Nações Unidas, em Nova York, novas sanções contra o Irã, pela quarta vez desde 2006, para tentar convencer Teerã a suspender seu programa nuclear, que o Ocidente suspeita ter objetivo de desenvolver armas atômicas. Dos 15 países que votaram, apenas Brasil e Turquia foram contra, enquanto o Líbano se absteve.
As nações se reuniram para votar a proposta de resolução, resultado de cinco meses de negociações entre EUA, Grã-Bretanha, França, China, Rússia e Alemanha. As quatro potências ocidentais queriam medidas mais duras, inclusive contra o setor energético iraniano, mas Pequim e Moscou conseguiram diluir as punições.
A representante americana, Susan Rice, defendeu a medida dizendo que as sanções são uma resposta ao desrespeito do Irã às regras impostas pela Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA). Segundo ela, as sanções são "tão duras quanto precisas", e que decisão do CS não é dirigida ao povo iraniano, e sim ao governo que desrespeita leis internacionais.
Rice referiu-se ainda ao acordo entre Brasília e Ancara com Teerã, para assinalar que "Turquia e Brasil trabalharam muito para progredir e (esse documento) isso reflete as boas intenções", mas acrescentou que ainda restam "questões sobre o programa nuclear iraniano sem respostas".
Brasília e Ancara consideram que as novas sanções são contraproducentes e o correto seria dar maior tempo à diplomacia. "Não achamos que as sanções sejam o instrumento eficaz neste caso, já que o mais provável é que causem sofrimento do povo iraniano", disse a embaixadora brasileira diante da ONU, Maria Luiza Ribeiro Viotti, em um discurso antes da votação.
A diplomata disse que seu país considera equivocado aumentar a pressão ao regime iraniano, depois do acordo alcançado em maio pelo Brasil e Turquia de trocar combustível nuclear. Esse mesmo argumento foi sustentado pelo embaixador turco, Ertugrul Apakan. "A declaração de Teerã criou uma nova realidade com relação ao programa nuclear iraniano", assegurou o representante turco.
Os outros membros do Conselho de Segurança consideraram que deram amplas oportunidades ao regime iraniano para dirimir as dúvidas da comunidade internacional. Para eles, o acordo firmado com a Turquia e o Brasil foi insuficiente.
Resoluções
A resolução adotada hoje estabelece novas restrições às operações dos bancos iranianos no exterior por suspeita que tenham vínculos com os programas nucleares e bélicos de Teerã, e aumenta a apuração das transações no exterior de todas as entidades financeiras do país.
Endurece o embargo de armas ao Irã e sanciona as três entidades controladas pela empresa estatal iraniana, assim como outras 15 controladas pela Guarda Revolucionária. Reforça o regime de inspeções a navios e aviões iranianos.
Está entre os anexos da resolução o nome de 40 entidades e empresas iranianas que tiveram congeladas seus ativos no exterior, incluindo o nome do responsável pela usina nuclear de Isfahan, Javad Rahiqi, que está proibido de viajar ao exterior.
Acordo
No mês passado, Turquia e Brasil mediaram um acordo de intercâmbio de material nuclear do Irã, na esperança de que isso desse espaço a mais negociações e evitasse as novas sanções. Esse acordo previa que o Irã enviasse aos turcos 1,2 t de urânio enriquecido a 3,5% para resgatar um ano depois 120 kg do material purificado em 20% para um reator de uso médico. EUA e seus aliados, no entanto, disseram que o acordo não altera a recusa do Irã em abandonar o enriquecimento de urânio, conforme exigiam cinco resoluções anteriores do Conselho de Segurança.
Com informações da Reuters e AFP
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